quarta-feira, 8 de maio de 2019

Cosmonauta


Black Hole GIF - Black Hole Blackhole GIFs
(Black hole)
O que seria de mim sem ter você para me ler? Eu poderia escrever infinitamente ao vácuo, mandar mensagens e sinais ao espaço, na imensidão de um aglomerado de galáxias, e ainda sim seria possível escrever sem sentir a densidade e a massa distorcendo essa gravidade que é ter você para me ler? Essa gravidade que me leva a uma viagem no centro do meu mundo, em plena combustão, tentando atravessar a galáxia de minhas ideias por algum cinturão. Poderia, eu, então, tentar descrever sobre mim mesmo e de como viajo nessa realidade, e no final dessa leitura serias possível para tu entender o mundo interior que me rege? O interestelar que me habita? Como, então, diante do lapso, da vertigem, da poeira, do intemporal, no espaço, no tempo e na distância entre minha chegada e a sua eu poderia existir sem ter você para me ler?

Como seria possível escrever sem ter você para me ler? Se escrevo sem que me leia, por quê, então, devo escrever?

Não há escrita sem leitura, assim como tudo indica, há apenas nós mesmos. Nós mesmos e os nossos conflitos. Nós mesmos e nossas guerras. Nós mesmos e nossas destruições. E até o que tudo demonstra, somente nós mesmos podemos nos salvar...de nós mesmos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Solitudo

(Arte: Daniel Murtagh)

Este curto e breve ensaio tem como objetivo refletir e demonstrar a importância intrínseca da solitude nas relações humanas, bem como destacar sua fatalidade quando não ascendida. Trata-se de uma virtude atemporal que, aparentemente, diluiu-se em nossa acelerada e confusa vida moderna.

Em um mundo contemporâneo e cada vez mais líquido, a solitude passa a ser uma espécie de terror e obscuridade incompreensiva ao não vivente de tal estado. Quando avulto em meio a uma relação conjugal, aquele que é provido de tal potência exacerba uma independência incômoda ao carente de tal característica. A perturbação entre dois mundos ganha uma nova  - mas não desconhecida – força. A alegria e a autonomia do outro tende a tomar forma, corpo e roupagem, pois para o desprovido de tal característica a única conclusão é de que existe o outro alguém; o achismo tende a ser um de seus viciantes alimentos.

São imensas as inquietações e incômodos que a solitude, inevitavelmente, nos provoca. Constantemente, homens e mulheres de desdobram por não compreenderem a si mesmos e muito menos compreenderem que o outro possui a virtude humana de estar bem consigo mesmo. Tais indivíduos, que são desnutridos de si mesmos, quando imersos em um relacionamento amoroso, não conseguem fugir da ideia ou do sentimento de que estão sendo traídos, pois para eles é incompreensível que o outro nutra-se por si só. São essas e outras redundâncias que advertem como a solitude e a solidão são insustentáveis em um mesmo terreno da vida humana. Cada ser, a priori, deve (quer queira ou não) solidificar-se por si só. Em contrapartida, não há livre arbítrio ou liberdade que nos abstenha da dependência que temos uns dos outros.

sábado, 25 de agosto de 2018

Farol Embaçado


Minha consciência segue como um farol: girando com a luz em meio ao mar e a escuridão do desconhecido.

O mar parece um pouco agitado. A Luz do farol - embora embaçada pelas grandes ondas que o mar apresenta - ilumina e procura auxiliar as corriqueiras embarcações. É recorrente ver sempre uma mesma embarcação. Mas o mar, conforme sua própria natureza, aos poucos, se acalma e a luz do farol volta a iluminar as embarcações.

sábado, 20 de maio de 2017

Um Com o Outro


A discordância de opinião e a distinção de ideias são fatores relevantes em uma relação, mas não são exatamente essas questões que complicam uma relação. De fato, a concordância entre os relacionados é importante para que exista algo sustentável, mas, um dos maiores problemas é a falta de manifestação objetiva sobre concordar e discordar, pois tendemos a engolir ou tentarmos tolerar coisas que não toleramos, afinal a tolerância em si é algo que existe em qualquer relação humana; tolerar é suportar algo que você não gosta no outro, mas aprende a conviver com aquilo; sem tolerância, não há relação!

Existe uma imaturidade enraizada quando esperamos que o outro se manifeste e que o outro também faça alguma coisa quando na verdade toda relação é dependente de um diálogo mútuo e sincero entre os relacionados.


Não importa com quem nos relacionemos, nem o tipo de relação que tenhamos: manifestar-se é intrinsecamente fundamental para o nosso desenvolvimento individual e para o possível amadurecimento de uma relação; É inerente ao autoconhecimento! Pouco adianta discordar, ter raiva e guardar rancor se para o outro não é manifestado. 


Considero fundamental o entendimento de nós mesmos; dos nossos pensamentos, das nossas emoções, das nossas vontades e dos nossos temores. Está longe  de ser necessário manifestarmos tudo que sentimos e pensamos, mas se desejamos ter relacionamentos intensos e prazerosos, precisamos entender a necessidade e a importância da nossa comunicação. No mais, existe sempre a possibilidade de nos orientamos ou de buscamos o devido auxílio. É ruim para qualquer pessoa sustentar achismos e opiniões que apenas rondam o mundo de ideias e subjetividade sobre o outro, quando na verdade ainda não se tem evidência de que aquilo é real ou verdadeiro.


Que possamos aprender um com o outro.

terça-feira, 21 de março de 2017

Imoral




Talvez por uma questão moral  devesse conter a mim mesmo e essa força que me impulsiona por dentro e por fora, todos os dias, todas as horas e me faz querer mais do que eu mesmo posso suportar. Mas no despertar do dia,  após uma dosagem de café, aguço minha percepção sobre a realidade e sinto que ela não deve ser espremida nem pelo passado, nem pelo futuro: ela deve ser exatamente como ela é! A força regente é a força de poder compartilhar cada momento com cada momento, presente em cada presente, observado em cada observação, sentido com cada sentido, o que só se pode experimentar apenas em uma fatia por vez; em uma fração milimétrica, em um registro momentâneo, em uma só vez, em uma só vida e talvez sendo necessária a serenidade. As pessoas que tocamos, os gestos que fazemos, os alhares que trocamos, as almas que deixamos; tudo está fragmentando em um só espaço, em uma só coisa, em um só momento.

Talvez por uma questão moral devo enfatizar que a impermanência não pode ser confundida com a liquidez e que a intensidade de cada momento é dependente de como nos entregamos, momento a momento, por nós mesmos e pelos outros, independente do porvir.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Ninguém Sabe



Ninguém sabe o que é ser você. Ninguém sabe o que é estar no mesmo ponto de observação que você. Ninguém sabe o que é estar no seu próprio corpo, sentindo as mesmas coisas que você. Do mesmo modo, ninguém possui o compromisso ou a obrigação de viver, agir e ser igual a você. Em nossas relações, conseguimos sentir e descobrir o que o outro sente, temos a possibilidade de auxiliarmos uns aos outros, mas nós não temos acesso ao que cada um vive, individualmente. Eis que a nossa comunicação é de suma importância para nos entendermos, uns aos outros, independente do que possa ir e vir. E Por mais complexo que seja para cada indivíduo, ao seu modo e ao seu sentido, se colocar na existência, não há como escaparmos da necessidade de interação humana, a não ser que façamos de nosso destino algo sem sentido e transformemos o desenvolvimento da nossa empatia em um destruidor duelo de egos.

Aflige


Por vezes é a nossa própria imaginação que nos aflige. Em grande parte são nossos achismos que nos fazem de reféns em nossos próprios pensamentos. E não são necessariamente as circunstâncias, a realidade; é o nosso terror em achar ou temer aquilo que ainda só existe na nossa cabeça, ou aquilo que não aconteceu. São nossas piores experiências que nos deixam sequelados, tensos e rigorosos com as próximas horas.
Cada vivente de sua própria experiência pessoal possui a possibilidade de compreender suas experiências, embora quase sempre só há como suportá-las ou superá-las no calor, na empatia e no acolhimento dos que estão em volta.