sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Espressione Transiente

(Arte: Milo Manara)

Desejar possuir e controlar
Nunca será meu priorizar
Posso talvez apenas desfrutar daquilo que me motivou
Que me fez acender: me cativou
Mas não tornarei a ingratidão minha sombra
Pois aqui jaz a superficialidade mundana
Sem dores à serem compradas, apenas para quem se engana

Novas possibilidades nascem a cada instante
Atento-me e agarro-as para que não se tornem mais uma teoria frustrante
Das possibilidades que me foram dadas: gratidão
Das que ainda não tive como desfrutá-las: saudação

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Interpretazione Proiettiva

(Arte: Wojciech Kazimierz Siudmak)
Algumas coisas nos fazem mal não necessariamente porque elas são ruins, mas porque vemos elas de forma equivocada e não como elas realmente são. Às vezes não conseguimos tirar a nossa visão fechada, parcial e limitada, então ferimos a nós mesmos pela falta de coragem de vermos-las nuas e cruas, sem mistificações.

Não nos esqueçamos que, ao tirarmos uma crítica ou uma opinião dentro de nós, podemos não percebermos, mas estamos falando de nós mesmos, do nosso "eu" singular e individual. Pode estar enfatizando uma falha que acreditar "enxergar" no mundo externo, mas que, subitamente, pode estar tão presente aí dentro, junto com seus medos e frustrações.

Em suma: observemos mais, analisemos mais, ajamos mais e projetemos menos.

Particella


Não sou eu quem está falando
Apenas o mundo me pressurizando
Energia inquieta, mais um dos “eus” relutando

Aqui é uma partícula que vos fala
Que constantemente sofre com a desumana cala

No frenesi dessa existência, deseja liberdade
Na tão prazerosa transcendência, quer eternidade

Apenas expondo o que não é novidade
Enfatizando com sinceridade

E aqui venho, em meio a esses assuntos
Lhes dizer que não há preocupação para que fiquemos juntos

Pois embora no tempo espaço, sofremos
Na eternidade, transcendemos

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

La Corsa Mi Offende

(Arte: eu mesmo)

Não sei se é de hoje ou se desde que me conheço como gente, mas de uma forma ou de outra sempre senti um certo atrito e desconforto com a pressa e aquela ansiedade de ir “adiante” nas coisas, vindo da Pressão Social ou mesmo das pessoas que interagiram e interagem comigo, seja no âmbito familiar ou no mais íntimo das minhas relações. Sei que algumas coisas são inevitáveis e se muitas vezes evitei-as foi por precaução ou medo, e que, sem dúvidas, posso ter me equivocado nessas interpretações. 

A pressa, de uma maneira peculiar, nunca foi muito presente na minha vida, embora tenha sido imposta em algumas possíveis circunstâncias, percebo que foram poucas as vezes que ela teve real relevância sobre minha existência. Observando também meus relacionamentos afetivos, tantos os mais antigos quanto os mais recentes, concluo que em alguns deles carreguei uma certa insanidade e uma imagem fria na maneira de lidar com as expectativas de minhas tão importantes relacionadas. E confesso que esse meu modo de lidar com as coisas, de lidar com a vida, exige um certo tato uma certa compreensão de quem convive comigo. Não que eu leve ao pé da letra aquele velho ditado “A pressa é a inimiga da perfeição”, mas de fato tenho a convicção de que nada que é feito realmente bem se for feito com grandes cargas de desespero, artificialidade, ansiedade ou mesmo banalidade. Arrisco ainda em dizer que o que realmente nos encanta é o que fazemos com carinho e manuseio; com tato e observação, no seu devido tempo e no seu devido momento. Talvez tenha percebido isso só agora, mas que, enfim, seja o momento para amadurecer nesse sentido.

Embora tenha consciência de que a vida exige aptidão para encará-la, acredito que cada pessoa tem seu modo de lidar com ela e, intrinsecamente, o seu tempo, assim como dependemos parcialmente do outro para evoluímos e nos tornarmos melhores a cada dia.


Que o meu aprendizado e o meu amadurecimento eleve tanto a mim quanto aos que estão comigo, seja na leitura, seja na reflexão, seja nos bares, seja por perto, seja longe ou em qualquer lugar do mundo. Que cada ser humano aprenda a respeitar o tempo de cada um, sem agressões, sem ofensas, sem pressões e sem cruéis alucinantes julgamentos.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

La Felicità è Me

Arte: Alex Cherry

Não tenho mais aquele delírio de que alguém um dia poderá me fazer feliz, pois na minha consciência tenho a convicção de que só eu apenas poderei criar esta condição. O que as pessoas em minha volta podem fazer quanto a isso? Elas podem amplificar, potencializar minha felicidade - o que de fato está cada vez mais intenso - mas não há como a felicidade vir de fora pra dentro: ela nasce dentro de mim e se transforma do lado de fora. É uma consequência da maneira de como abstraio e interajo com a vida. Em suma, desejo que todos tenham a preocupação primordial em se satisfazerem com suas ações, não somente viverem na caça e na satisfação dos outros; Equilibremos nossas ações.

Cada um sendo feliz ao seu modo, mas que essa reflexão não passe despercebida: dê atenção a sua satisfação, ao seu prazer e não deixe de lado o que você pode fazer agora. Dê atenção ao mundo, mas não deixe de olhar pra si mesmo antes de abraça-lo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Nessun Cupole

Eu acho que cada um tem seu modo de amadurecer nessa vida, e não cabe ao mais maduro ou ao menos maduro impor como devem ser as coisas. Acredito que cada um deva vivenciar e aprender com a vida e ao seu modo em particular. Compartilhar experiências, momentos intensos, seja de prazeres, de sorrisos ou seja lá do que levem cada um ao êxtase, são estados que ambas permitem ser compartilhados.

Não podemos vivenciar momentos que já foram, mas podemos vivenciar cada momento como se fosse único e eterno. Podemos ser previsíveis em algumas coisas, mas em alguns ainda persistimos em querermos prevermos e controlarmos. Em suma, que o amor - que é um estado e não um sentimento - seja amplificado e não somente canalizado em uma esfera totalmente racional e padrão.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Il Tempo e l'eterno


Mesmo sabendo que o Tempo é a imagem móvel da Eternidade, às vezes, por uma condição humana e imatura, insisto em querer eternizá-lo. Não necessariamente o Tempo, mas o que transcendeu o Tempo, e por um momento imitou a imagem e a semelhança do Eterno. Por fim, o Tempo que pareceu ser Eterno não se eternizou, e eu aprendi que o Tempo só é Eterno quando ele não existe.

Se queres entender o Eterno, não confie no Tempo: se eternize neste momento.