sábado, 19 de novembro de 2016

Presente Real




Você nunca sentirá por alguém o que você já sentiu antes. Cada experiência e cada pessoa trás para si mesmo uma única vivência, sendo ela muito parecida ou muito diferente das que experimentamos. Enquanto tentamos enquadrá-las em "boas" e "ruins", perdemos a própria oportunidade de experimentarmos - diante da nossa sensibilidade e de nosso empirismo - a experiência presente.

Nós temos um aparente livre arbítrio em tomarmos decisões, em escolhermos para onde vamos e com quem irmos, em planejarmos nossas vidas, mas não temos controle sobre o que sentimos e o que cada indivíduo nos provoca. De resto, o presente é a única experiência aparentemente real.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

AL

Arte: Egon Schielle
Foi em um sonho ruim que você me viu
Nos aproximou
E Ressurgiu
Essa afinidade estranha que sempre existiu

Nas minhas tentativas de lhe explicar
Desde o Eterno Retorno até nos beijar
Fracassei em entender o que pode ser
Essa vontade de querer
Sem exitação
Sem explicação
Sua companhia
Sua atenção

Mas até quando poderemos ser
Essa força intensa que nos faz crescer?

Talvez nos resta aprender
Que o que a gente sente
É o que pode ser
Pois embora fadados a perecer
O agora
O presente
Podemos ser

quinta-feira, 23 de junho de 2016

O que vemos?

(Arte: Jack Vettriano)

"A falsa imagem e a falsa definição que temos e idealizamos um do outro desrelaciona qualquer tentativa de contato, mesmo quando há uma tentativa de relacionamento, quando vemos alguém como queremos e não como é, desencadeia-se a inevitável frustração, pois não há como conhecer alguém apenas pela necessidade de desejo, embora possamos saber muito um do outro pela nossa própria intuição.

libertemo-nos desse nosso idealismo metódico."

Poeira Nossa



"O medo não nos separa, mas confunde nossa percepção sobre nós mesmos."

M&F

(Arte: Jack Vettriano)

"Embora ela reconheça que nossos disfarces atrasem o inevitável, ela também percebe que meus olhos não passam apenas pelos seus. Não tiro sua razão de impaciência e irritação, mas acredite: não há como cessar (ou reduzir) minha relação com cada momento, tão pouco com outras pessoas.

Pela lei da moralidade e da formalidade, disfarçamos."

terça-feira, 31 de maio de 2016

Analisar por si mesmo seus possíveis equívocos e medos, mas não fazer nada quanto a essas questões é a mesma coisa que fugir da realidade através do álcool ou de outras maneiras de evitar o inevitável presente.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Atenção Plena (Mindfullness)

Uma mente que oscila entre o passado e o futuro, pode notar - através da Atenção Plena - que os pensamentos possuem grande relevância nos sentidos, nas emoções e nas sensações do próprio corpo.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Natureza Das Coisas

(Arte: Zurco)
"Não sei muito sobre você e, provavelmente, você também não sabe muito sobre mim, mas isso parece se tornar irrelevante quando nos trombamos em olhares. Nós nunca conversamos sobre nós, apenas sobre coisas da vida e do nosso cotidiano, sendo sob a luz ou sob a escuridão. Nunca nos encontramos ou conversamos fora da Servidão Moderna, mas, em nossos frequentes (e inevitáveis) encontros oculares, discutimos sobre essa estranha circunstância. Existe algo que talvez você não saiba, então lhe direi e tentarei ser breve: não acredito nos relacionamentos amorosos, porém desde a nossa mística colisão, questiono tudo isso e a mim mesmo sobre tais 'aparências'.

Não sei se é o seu olhar. Não sei se é a simetria do seu rosto. Não sei se é o desenho do seu corpo. Não sei se é a sua voz e o seu jeito de se expressar. Não sei se te persuadi a tudo isso, ou se você me persuadiu a tudo isso. O fato é que não fizemos e não fazemos nada sobre nós, apenas nos confundimos e nos estranhamos rotineiramente.

Os dias passam, as horas voam e a cada milésimo de segundo, lentamente, nossos disfarces, nossos medos, nosso orgulho e nossa ignorância vão se quebrando e se dissipando diante da inevitável natureza das coisas."

Imovelável

(Arte: Jack Vettiano)

"Talvez tenha parado de falar acerca do amor, pois, quando nos olhamos, percebo que não há o que se explicar, nem como, nem porquê, apenas o fato que se encontra pairado e imóvel no espaço tempo entre o meu Eu e o seu Eu. Apreensivos por alguma reação astronômica que vá, finalmente, nos colidir em um grande e intenso evento existencial, esperamos".

Desrelacionamento

(Cena do filme Eyes Wide Shut)

A formalidade moral é a base de um aparente elo conjugal. O teatro de felicidade e sucesso também servem (e até, aparentemente, sustenta) a "relação", mas nada disso desmistifica a infelicidade de estar por estar de cada conjugue. "Estamos bem, graças a Deus!" é o que dizem quando não se tem mais o que se compartilhar, tão pouco sustentar, juntos. Um status virtual, uma aliança, um documento assinado pelos dois, um mesmo teto para dividir, um mesmo carro para compartilhar, o mesmo filho para gerar, a mesma conta para se administrar, a mesma vida para se viver, juntos. São "considerações" e maneiras de tentarem se prender, ou relacionarem o que nunca se relacionou. Entendendo que nada disso elimina, nem eliminará o fato de que, mesmo juntos - aparentemente juntos - não existe relação, não existe felicidade, mas um teatro, um disfarce, uma TRADIÇÃO pra se sustentar. Em meio a toda essa frenética e desordenada dança, dois indivíduos se destroem, dia após dia, crentes de que o amor é essa simbólica mistura de ciúmes, desconfiança, dor e sofrimento.

É assim que a gente faz quando não entendemos o que é estar só. É assim que a gente age quando achamos que estamos preparados para a vida. É assim que a gente age quando não conhecemos nem a nós mesmos.

No final das contas, grande parte do sofrimento humano é o mais puro e perturbante medo de lidar, dia após dia, consigo mesmo.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Tatilhar

(Arte: Jack Vetrtiano)

"Ah, se o encontro dos meus olhos aos seus fosse o único mistério a ser desvendado nessa existência...

Talvez você realmente se chateie e não apareça...não apareça nunca mais para tomar um café, mas antes que você jogue tudo pro alto e prefira julgar-me com rancor e impaciência, preciso lhe confessar algo que descobri sobre mim mesmo e sobre essa vida tenra: meus olhos não encontram apenas os seus olhos! Sim! E cada encontro é único. Cada experiência. Cada troca de olhar. Cada possibilidade ao desconhecido....enfim...um diálogo inexplicável, talvez apenas...observável, não sei. Não quero parecer canalha...enfim, que seja! Não quero te iludir. Não quero que você também caia nessa falácia mal vivida e nesse conto de fadas da vida humana, nem que você se prenda apenas aos nossos olhares...nem a mim desejo que se prenda, pelo amor de Deus! Mas quero sim...quero que você aprenda a se conhecer. Quero que você desfrute dos seus sentidos, seja lá como ou com quem você decidir desfrutar. Enfim. Apenas não me interprete mal, pois enquanto me conheço e exploro a mim mesmo. Enquanto aprendo a lidar com o mundo e com o meu lado mais obscuro, mantenho minhas dúvidas; Será que um dia estaremos frente à frente, olhos nos olhos, sem desvios? Acho que isso talvez não aconteça...não, não sei...não sei se vai chegar o dia que olharei só pra você...ainda tenho muito que aprender."

Atemporal

Venenaidade



vaidade intelectual (e espiritual) é um veneno quase imperceptível, mas que se aplica substancialmente como conhecimento, debilitando os sentidos no indivíduo humano, dopando-o a uma ilusória superioridade e deixando-o, assim, alegre e delirantemente satisfeito com sua confortável e prazerosa estupidez.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Energia Observadora


O observador reflete sobre as crenças, ideias e ideologias que cercam e rodeiam a consciência do indivíduo humano. Ele afirma que o indivíduo humano permanece em profunda alienação enquanto acredita fundamentalmente em algo ou em alguém antes dele mesmo. Embora reconheça a necessidade da sua movimentação e do seu deslocamento (inevitável e natural), entende que a primeira movimentação é dada pela mente e por sua energia, possibilitando, assim, possíveis decisões.

O observador considera importante a análise e o reconhecimento dessa energia, embora ainda questione e mantém a dúvida sobre sua origem.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Tatiturno

(Arte: Jack Vettriano)
"Era Março o mês que inevitavelmente retornara meus esforços à maquinaria da Servidão Moderna. Naqueles últimos dias de despreocupação e descontração - restando apenas alguns dias para o tão lamentável retorno - atravessara a avenida principal de nossa cidade em busca de uma condução ao meu confortável e precioso lar, clamando ilusoriamente por descanso; Era fugitivo da angústia que sucedera-me futuramente. Todavia, assim como um raio que rompe o tronco de uma árvore centenária e cascuda em milésimos de segundo. Assim como um raio que atravessa a escuridão sem permissão, seus olhos atravessaram minha alma: foi até o fundo. Força da natureza: inevitável agressividade, de única beleza, colou-nos a observarmo-nos nessa dança incerta. E desde então não sabemos o que fazer.

Retornando à Servidão Moderna, eis que nossos olhos reencontraram-se na multidão. Colocados em posições distintas no xadrez da modernidade; presos a esse enigma diante de tanta austeridade. E você, assim como eu, enclausurada e assustada com a retomada de nossa relação. Desde então, são nossos olhos - traumatizados e fascinados pela paixão - que falam por nós, sem razão. Orgulhosos e arrogantes por não findarem esse mistério intrigante, mantemos nossa dúvida até o ultimo piscar ofegante. Todos os dias, sofremos e mentimos para nós mesmos diante do espaço tempo; Por quê ainda não nos jogamos ao vento?

Eis a benção que nós, Servidores Modernos, não podemos racionalizar: a paixão! Cuja força e dimensão está além do espaço tempo. Além de nossa compressão. E mesmo assim, ainda assim, com essa nossa mania de dizer "não"...racionalização! Todos os dias, nos mutilamos e nos confundimos em busca de razão. Nos destruímos, mas já sabemos: é a natureza que, no final, leva-nos até o chão, sem polpar esforços, sem dimensão; Natureza clara, natureza em vão?

Saudades...saudades...saudades do futuro."

Observaral

(Fonte:http: giphy.com)

O observador reflete constantemente sobre colocações externas e internas a seu respeito. Ele considera muito importante todas as colocações expostas, sejam elas mencionando seu passado comportamental, sejam elas teorizando supostas reações futuras, ou mesmo aplicações presentes: todas lhe cabem com suas devidas utilidades. O observador, embora imperfeitamente humano, reconhece a necessidade de exploração dentro de si mesmo e do lado de fora. Reconhece a necessidade de vulnerabilidade, independente de onde passe. Independente de quem se relacione com ele.

O observador, consciente de sua imaturidade - não colocada como desculpa de fugas e responsabilidades - mantém sua vulnerabilidade com a existência, possibilitando, assim, o aprendizado e o estudo de si mesmo diante dos seus sentidos. Ele considera importante o seu silêncio, mas também é apaixonado pelo barulho que faz do lado de fora.

Deixando Pra Depois

(Arte: Jack Vettriano)

Você pode ter muitas especulações, ouvir boatos e suposições acerca de um indivíduo, fazer análises e conclusões empíricas através do seu conhecimento, seja acadêmico ou informal; é possível que você acerte em muitas coisas, contudo, só poderá realmente tirar conclusões mais precisas em convívio com ele. E mesmo assim, por mais que tentemos desmistificar e desvendar um indivíduo, ele ainda permanece em constante mistério, tanto para com nós como para si mesmo.

Tentar desmistificar uma alma é intenso, é prazeroso, é um sentido existencial a mais, nos dá prazer, nos fortalece, mas também, por quase sempre, encaramos esse movimento como uma única forma de nos colocarmos e nos encontrarmos diante da realidade, assim, protelando (e deixando pra depois) o encontro e a exploração individual de nós mesmos.

Observaral

(Arte: desconhecida)

Aqui está um observador, colocando através de sua estrutura física e temporal, sua observação sobre si mesmo e sobre sua outra parte, observada. Através de sua observação, o observador reconhece sua limitação e sua temporalidade diante do espaço tempo. Através de sua observação, o observador conduz a sua estrutura física ao desconhecido buscando respostas sobre si mesmo e sobre suas limitações temporais. Sua mente, não afetada pelo tempo, imutável, permite a observação não linear dele mesmo e de sua tão limitada viagem temporal.

O observador atemporal continua inquietamente a questionar essa misteriosa viagem temporal e reconhece que toda essa estrutura oculta e factual é, intrinsecamente, tudo.