sábado, 25 de julho de 2015

Energia

(Arte: Alex Grey)

Há uma energia, inquieta e intensa
Que subitamente afirma minha presença
Diante da minha e da sua inocência

Há uma energia, inquieta e intensa
Oscilando obscuramente em permanência
Dando-nos vida, mistério e eloquência

Há uma energia, inquieta e intensa
Dizendo para que todo seu ser se conheça
Através de si mesmo e da vida extensa

Há uma energia, inquieta e intensa
Sem tempo, sem licença
Dizendo "consciência"

Há uma energia, inquieta e intensa
Afirmando a minha e a sua existência
Mesmo diante de toda essa tendência

Há uma energia, inquieta e intensa
Respire fundo, não se estremeça
Não há final, não há sentença
Apenas energia, inquieta e intensa

Apenas Ser

(Arte: Lora Zombie)
Talvez esse meu ser
Que não sabe exatamente o que ser
Desde que se denomina Ser
Exista para tentar compreender
Sem tentar impor, mas talvez dizer
Através do conhecer
Da interação, da reflexão, do tato e do prazer
Não importando a linguagem ou a forma que estabelecer
Tão pouco o tempo espaço do envolver
No trajeto inevitável e linear do morrer

Talvez esse meu ser
Só pode ser
Sem mistificar, sem mentir e sem correr
Tranquilamente ser
Com calma
Vamos permanecer

Feche os olhos, respire fundo e tente compreender
Não há pra onde correr
Nem o que esconder
Talvez apenas Ser

Caminhantes do Vento

(Arte: Marieke Bosma)

Dou liberdade da mesma forma que desejo ter
Embora consciente de que nem sempre pode se estabelecer
Um relacionar libertino sem se prender
Desejo que todos os amantes possam desfrutar
Aquilo que só se vivencia sem se aprisionar
Consciente de que os mais vaidosos podem se atiçar
Mas não há como me calar
Diante de tantos a se depravar

Então me coloco aqui talvez para exclamar
Sem impor nem padronizar
Um pouco de meu inquieto pensar
Para que talvez você reflita sobre esse alienar
Feito de fuga corrosiva e achacar

Uma reflexão a se despertar:
Vamos compartilhar
Vamos nos conectar
Vamos nos experimentar
Vamos nos ensinar

E se chegar o momento de se separar
Tão temido mas tão natural no relacionar
Vamos lembrar que nada pode se forçar

Seremos sempre caminhantes do vento
Embora julgados como relentos
Voando sem nenhum tempo
Vivendo apenas este momento

Delirando

(Arte: Harry Clarke)
Delirando, delirando
É assim que a gente vai caminhando

Delirando, delirando
Cada vez mais se amarrando

Delirando, delirando
Acreditando que tudo está se arrumando

Delirando, delirando
Possuindo e acomodando

Delirando, delirando
Sem empatia, sem espírito brando

Delirando, delirando
Até parece que o sofrimento está passando

Delirando, delirando
Impondo e separando

Delirando, delirando
Corpos muito próximos se degladiando

Delirando, delirando
Almas ricas, mas distorcidamente se expressando

Delirando, delirando
Constantemente se preocupando

Delirando, delirando
Com o que já foi e não está voltando

Delirado, delirando
A gente vai se separando

Delirando, delirando
Numa distorcida crença que vem durando

Delirando, delirando
Nessa falsa imagem de si mesmo se apresentando

Delirando, delirando
Acreditando que está se elevando

Delirando, delirando
Você está babando

Aqui e Aí

(Arte: Eugenia Loli)
É nesse delirante viver
Que a gente tenta ser
O que ninguém pode ver
Tão pouco pedir
Mas talvez sentir
Experimentar
E tocar
Ter a chance de vivenciar
De eternizar
Um pouco do que somos
Do que vivemos
Do que sentimos
Através da experiência sensorial
De olhares
De silêncio
De sorrisos
De expressões corporais
De tato
De calor
De suor
De conexão
De amor
De dentro pra fora
De fora pra dentro
Neste momento
Aqui e aí
Aí e aqui

Flutuando

(Arte: Alex Simpson)


Tentamos incansavelmente
Nos tornarmos parte do presente
Embora muitos a de se trancarem
E ansiarem
Nesse delirante viver
Num passado ou num futuro imperial
Não exito em dizer
Você nasceu pra viver
Pra desmistificar
Para explorar
O desconhecido além do mar
Pra estudar a si mesmo
E ser do jeito que é
Sem mais nem menos
Naturalmente
Gradualmente
Sem forçar a alma
Presenciando está aula
Que é estar sem falar
Sem pedir
Sem exigir
Sem impor
Sem implorar
Ou padronizar
Simplesmente permanecer
Sem medo de adoecer
E do inevitável acontecer
E assim vai sendo
Você aprendendo
A ser o que é
Obscuro e singular
Consciente e vulgar
Desconhecido em si mesmo
Flutuando em qualquer lugar

A/P

Algumas coisas para serem aceitas (e praticadas):

- Coisas ruins sempre vão acontecer.

- Nenhuma pessoa pode te tornar melhor, mas pode sim clarear o seu possível amadurecimento.

- Se o que você diz ser é X, mas os fatos demonstram Y, há possibilidades de equivoco. Então desista de afirmar sobre o que você é ou não é. Uma hora ou outra você cairá em uma auto sabotagem.

- Nada dura o tempo que achamos (ou que queremos), pois o tempo não existe (rs). As coisas duram o que devem durar. Mesmo que seja inevitável querer se eternizar, vivencie este momento.

- Só conseguimos conhecer mais ou menos alguém através do convívio e da interação.
- Mostrar seu lado mais obscuro é, provavelmente, o seu maior medo, mas pense que é inevitável não nos revelarmos em contato mais intimo. Então tente, primeiramente, mostrar o seu lado mais obscuro, e se o convívio ainda existir, é provável que haja convivência.

Magnanimidade

(Arte: Kinchoi Lam)
Cada relação é única e singular
Mas muitas vezes insistimos em padronizar
O que nunca vai ser igual nem linear

Cada pessoa é única e singular
Mas muitas vezes insistimos em padronizar
O que igualmente ninguém poderá te dar

Cada experiência é unica e singular
Mas muitas vezes insistimos em tentar vivenciar
O que já se foi e que não pertence ao mesmo lugar

Não joguemos fora o que nos pertence
Não desprezemos o que nos deixe contente
Não neguemos o afeto que temos com toda essa gente
E assim vivenciemos toda essa magnanimidade finalmente

Relevante

(Arte: Alex Cherry)

No paradoxo da existência
A sincronia é uma excelência

Algumas pessoas aparecem
Ás vezes nos enlouquecem

De tantas, são poucas as que amamos
Mesmo que não as vemos mais
Um pouco de nós deixamos

São esses os nossos irmãos semelhantes
Intensas interações, ligações constantes

Mesmo se nos afastemos
Mesmo que nos distanciemos
Sabemos que cada um tem sua importância
Independente da circunstância

Onde estivermos, não importa o quanto distante
Já entedemos que nada disso é relevante

terça-feira, 7 de julho de 2015

Meio Assim

(Arte: Alice Wellinger)
Sou meio assim, indomável e perdido
Solto pelo mundo, desiludido

Sou meio assim, sem desejo de controlar
Obcecado pelo nosso olhar
Que delata o nosso estar

Sou meio assim, meio você
Não sei se você pode vê

Somos meio assim, separados
Inevitavelmente findados
Para estarmos entrelaçados