terça-feira, 21 de março de 2017

Imoral




Talvez por uma questão moral  devesse conter a mim mesmo e essa força que me impulsiona por dentro e por fora, todos os dias, todas as horas e me faz querer mais do que eu mesmo posso suportar. Mas no despertar do dia,  após uma dosagem de café, aguço minha percepção sobre a realidade e sinto que ela não deve ser espremida nem pelo passado, nem pelo futuro: ela deve ser exatamente como ela é! A força regente é a força de poder compartilhar cada momento com cada momento, presente em cada presente, observado em cada observação, sentido com cada sentido, o que só se pode experimentar apenas em uma fatia por vez; em uma fração milimétrica, em um registro momentâneo, em uma só vez, em uma só vida e talvez sendo necessária a serenidade. As pessoas que tocamos, os gestos que fazemos, os alhares que trocamos, as almas que deixamos; tudo está fragmentando em um só espaço, em uma só coisa, em um só momento.

Talvez por uma questão moral devo enfatizar que a impermanência não pode ser confundida com a liquidez e que a intensidade de cada momento é dependente de como nos entregamos, momento a momento, por nós mesmos e pelos outros, independente do porvir.