segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Cadáver


No âmbito das relações humanas e da interação do individuo com o mundo empiricamente observado como separado e material, é imprescindível que cada um de nós tenhamos a condição de atualizar todo conhecimento adquirido contemporaneamente. O indivíduo que é autocondicionado e influenciado (ou simplesmente nasceu e se tornou o que é agora) a um conhecimento que, consequentemente, amadurece e fortalece suas mais profundas potências (vulgo habilidades e talentos), deve - pelo bem de sua própria existência e pelo bem de toda sua rede de alcance humana - se atentar às modificações e atualizações de ideias existentes na consciência coletiva. Isso não implica que o individuo necessite buscar um conhecimento de larga escala, ou de muitas áreas especificas da vida, tão pouco de outras linguagens, mas sim, de se atualizar e de atualizar sua própria condição sobre a existência. 

Qualquer indivíduo que permanece intacto e convicto de uma ideia desatualizada e, dominantemente enraizada em sua moldura de visão sobre a realidade, está a mercê de perecer antes mesmo do seu próprio corpo.

Ceticismando


Esses meus últimos 2 anos de vida me proporcionaram um conhecimento bastante interessante. Meu interesse pela psicologia, neurociência, filosofia e claramente pelo comportamento humano, trouxe um novo contexto para minha observação, mas também um visível (e inevitável, claro) desprezo em meu círculo afetivo, talvez pelo fato do meu ceticismo ter, finalmente, tomado grande força dentro de mim e que, provavelmente, muitas pessoas que antes se entusiasmassem com minhas reflexões, agora estão, literalmente, com o pé atrás. 

De um certo modo, esse desprezo me inquieta, mas como toda ação gera uma reação, tenho consciência de que não nasci para agradar ninguém. E isso, para mim, não é motivo para tristezas, rancor ou qualquer reação melancólica, visto que tudo adquirido até o momento me serviu de conhecimento e inspiração. Não querendo tirar minhas responsabilidades sobre a vida (nem o peso), mas é fato que ainda sou um pequeno conhecedor das coisas mundanas e devo aprender tudo com muita calma, clareza e atenção, no meu devido tempo e no meu devido lugar.

Embora o autoconhecimento seja minha crença fundamental, não deixo (e nem deixei) de acreditar em muitas coisas. Porém, inevitavelmente, cheguei a conclusão (não tão recentemente) de que todos nós precisamos entender nossas intenções com o que buscamos, por nós mesmos. Precisamos, ao meu ver, desconstruirmos tudo aquilo que acreditamos e que tanto colocamos como importante. Que fique bem evidente essa minha abordagem: não é imposição, mas sim, reflexão. Então enfatizo essas minhas colocações como uma forma de expressão com mais claridade o que tento ser ou busco ser diante da existência.

Quando me deparo com equívocos, quando percebo que minha visão está distorcida - sejam lá os motivos que me levem a isso - inevitavelmente, procuro desconstruir e reconstruir tudo o que aprendi e o que foi me ensinado até então - ou aprendi empiricamente. Não nego, nem desprezo qualquer fonte de conhecimento colocada diante de mim, mas é inevitável que tudo não passe pelo filtro de minha essência, então, assim como todo ser humano, concordarei e descordarei. De qualquer forma, procuro sempre amadurecer e me aperfeiçoar nesse sentido pra que qualquer forma de conhecimento não passe em branco.

Que cada indivíduo adquira (ou reative) sua capacidade de pensar por si mesmo, e que suas crenças lhe proporcionem esclarecimento e amadurecimento diante da vida.

Andando Pelas Ruas de Bauru


Andando pelas ruas de Bauru, tendo um contato mais próximo com a rua e utilizando o transporte público também, percebo uma condição defensiva generalizada nos que compartilham deste comigo. No transporte público, é muito visível o desconforto que as pessoas sentem em terem que compartilhar um veiculo com desconhecidos. Sempre têm aquelas pessoas que sentam na ponta dos bancos duplos para que outras pessoas não sentem ao lado; isso é visível! Vejo que é evidente o desinteresse e o desconforto na interação urbana, embora tão inevitável para o nosso desenvolvimento. De um modo geral, nós nos sentimos ameaçados com a existência do outro. Nós não nos sentimos seguros com a interação humana. Presamos pela segurança física e psicológica, mas negamos claramente a importância da interação com o outro: negamos empatia e negamos o sacrifício que é a interação. Nos relacionamos superficialmente como se fossemos fechar um contrato de relação humana, mas não nos relacionamos; é uma relação parcial, incompleta. É assim que vejo, embora me esforce para que nossas relações não sejam apenas isso.

Faço essas constantes observações, mas também, antes de qualquer conclusão e julgamento, observo se tudo isso também é pertencente a mim. Posso não reagir e me comportar com as descrições que fiz. Posso buscar uma adaptação onde favoreça meu bem estar e também dos outros, mas é evidente que há uma influência, seja ela positiva ou negativa. Há uma sensação e um medo coletivo, porém noto que tudo isso é decorrente de um histórico e de uma exposição de fatos sobre retalhações, agressões e todos os tipos de ameaças da natureza humana que nos aterrorizam, então, constantemente há uma sensação de perigo e de preocupação, mesmo que, naquelas condições empíricas não hajam quaisquer evidências de perigo ou ameaça a nossa integridade física.

Nós não estamos aqui. Nós estamos no passado. Nós estamos no futuro, mas nós não estamos aqui, no presente. Nossas cabeças voam pra lá e pra cá, ansiando por um futuro melhor ou se prendendo a nostalgia de uma bela lembrança. Habituamo-nos a estarmos não presentes: essa é mais uma condição humana.