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(Black hole) |
O que seria de mim sem ter você
para me ler? Eu poderia escrever infinitamente ao vácuo, mandar mensagens e
sinais ao espaço, na imensidão de um aglomerado de galáxias, e ainda sim seria
possível escrever sem sentir a densidade e a massa distorcendo essa gravidade
que é ter você para me ler? Essa gravidade que me leva a uma viagem no centro
do meu mundo, em plena combustão, tentando atravessar a galáxia de minhas
ideias por algum cinturão. Poderia, eu, então, tentar descrever sobre mim mesmo
e de como viajo nessa realidade, e no final dessa leitura serias possível para
tu entender o mundo interior que me rege? O interestelar que me habita? Como,
então, diante do lapso, da vertigem, da poeira, do intemporal, no espaço, no
tempo e na distância entre minha chegada e a sua eu poderia existir sem ter
você para me ler?
Como seria possível escrever sem
ter você para me ler? Se escrevo sem que me leia, por quê, então, devo
escrever?
Não há escrita sem leitura, assim como tudo indica, há apenas nós mesmos. Nós mesmos e os
nossos conflitos. Nós mesmos e nossas guerras. Nós mesmos e nossas destruições.
E até o que tudo demonstra, somente nós mesmos podemos nos salvar...de nós mesmos.